O nosso continente é, hoje, mais que um entrelaçar de culturas, sendo várias as religiões que nele se cruzam. Contrariamente ao ateísmo (inexistência de crença em divindades), as religiões assentam na crença da subsistência de deuses, no teísmo, dentro do qual aparece: o monoteísmo, a crença em um só Deus; o politeísmo, a crença em vários deuses e o henoteismo, a crença em vários deuses, mas com um supremo a todos os outros. Segundo dados estatísticos vivemos rodeados por 600 milhões de Europeus dos quais 260 milhões são católicos, 140 milhões ortodoxos, 132 milhões protestantes, 65 milhões muçulmanos e 3 milhões judeus.
De facto, é notório o predomínio da prática do Cristianismo na Europa, seja ele Cristianismo Protestante, a Igreja Ortodoxa, ou até mesmo o Catolicismo; uma vez que todos eles, apesar de pertencerem à mesma religião, adoptam diferentes valores.
Protestantismo
O Protestantismo é denominado pelo conjunto de igrejas cristãs e doutrinas que se identificam com as teologias desenvolvidas no século XVI na Europa Ocidental, na tentativa de reforma da Igreja Católica Apostólica Romana, por parte de um importante grupo de teólogos e clérigos, entre os quais se destaca o ex-monge agostiniano Martinho Lutero. Porém, a maior parte dos cristãos europeus (especialmente na Europa meridional) não concordavam com as tentativas de reforma, o que produziu uma separação entre as emergentes igrejas reformadas e uma reformulação na Igreja Católica, a chamada Contra-Reforma, reafirmando, assim, explicitamente todas aquelas doutrinas afastadas pelo protestantismo (Concílio de Trento).
Igreja Ortodoxa
Por outro lado, a Igreja Ortodoxa é formada por diversas igrejas orientais cristãs (como por exemplo a Igreja Ortodoxa Grega) que professam a mesma fé e praticam os mesmos ritos, também designados de rituais bizantinos. O chefe espiritual das Igrejas Ortodoxas é o Patriarca de Constantinopla, sendo o Santo Sínodo Ecumênico a autoridade suprema da Igreja Ortodoxa. Para os ortodoxos, o chefe único da Igreja, e sem intermediários, representantes ou legatários, é o próprio Jesus Cristo, desconsiderando assim a autoridade do Papa, mas dedicam-lhe, de igual forma, respeito por aquilo que representa.
Catolicismo
Finalmente, temos o Catolicismo, que é uma das “vertentes” desta religião mais reconhecida. Este (catolicismo) é um termo amplo tanto para o corpo da fé católica, para a sua teologia, doutrinas, liturgia (celebração religiosa pré-definida), princípios éticos, características comportamentais, bem como para o idealismo de “um povo religioso como um todo”. Melhor dizendo, é um termo "usado geralmente para uma experiência específica do cristianismo compartilhada por cristãos que vivem em comunhão com a Igreja de Roma.". Muitos dos principais credos (definições de fé semelhantes a preces) cristãos, nomeadamente o Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno utilizam este termo. No seu sentido mais estreito, é usado para referir-se à Igreja Católica Romana, formada por 23 igrejas sui iuris que estão em comunhão total com o Papa..
Sem dúvida, o Cristianismo é a religião mais adoptada da Europa, no entanto, não é a única religião neste continente. A existência de outras religiões, que apesar de serem adoptadas por um menor número de Europeus, é infíma: o Judaísmo, o Muçulmano /Islamismo/Islão, o Hinduísmo, o Budismo, o Rastafari, o Sikhismo, o Jainismo, os Indígenas Europeus e ainda as Religiões Africanas.
Judaísmo
O Judaísmo, nome dado à religião do povo judeu, é a mais antiga das três principais religiões monoteístas (sendo as outras duas o Cristianismo e o Islamismo). Surgido da religião mosaica, defende um conjunto de doutrinas que o distingue de outras religiões: a crença monoteísta em YHWH( às vezes chamado de Adonai,"Meu Senhor", ou ainda em HaShem, "O Nome") como criador e a crença em Deus e na eleição de Israel como o povo escolhido para receber a revelação da Torá. Dentro da visão mundial judaica, Deus é um criador activo no Universo que influencia a sociedade humana, na qual, o judeu é aquele que pertence a uma linhagem com um pacto eterno com este criador.
Islamismo/Muçulmano
O Islamismo/Muçulmano é, ao mesmo tempo, uma fé religiosa e uma comunidade social e política. A sua doutrina enfatiza um monoteísmo rígido, em que Deus é único (transcendente e omnipotente), tendo como seu patriarca Abraão Allah. Os seguidores do Islamismo são chamados de muçulmanos, crêem nos anjos bons e nos maus, e para estes, Allah revelou-se através de muitos profetas – Abraão, Moisés, Jesus – mas o maior de todos foi Maomé.
Rastafarianismo
O Rastafarianismo, também conhecido como movimento Rastafári ou Rastafar-I (Rastafarai) é um movimento religioso que proclama Hailê Selassiê I, Imperador da Etiópia, como sendo representação terrena de Jah (Deus). O termo Rastafári tem origem em Ras ("príncipe" ou "cabeça") Tafari ("da paz") Makonnen, o nome de Hailê Selassiê antes de sua coroação.
Sikhismo
O Sikhismo é uma religião monoteísta, habitualmente retratada como o resultado de um sincretismo (fusão de doutrinas de diversas origens) entre elementos do hinduísmo e do misticismo do Islão. Contudo, apresenta elementos de originalidade que obrigam a um repensar desta visão redutora.
A doutrina básica do sikhismo consiste na crença em um único Deus, nos ensinamentos dos Dez Gurus do sikhismo e ainda no Guru Granth Sahib, considerado o décimo-primeiro e último Guru. Nestes termos, Deus, o criador do mundo e do Homem e o alvo de devoção e de amor por parte dos mesmos, é eterno e sem forma, sendo impossível captá-lo em toda a sua essência. Esta religião ensina que os seres humanos estão separados de Deus devido ao egocentrismo (haumai) que os caracteriza, tal egocentrismo (haumai) que faz com que estes permaneçam presos no ciclo dos renascimentos (samsara) e não alcancem a libertação (entendida como a união com Deus). Os sikhs acreditam no karma, segundo o qual as acções positivas geram frutos benéficos e permitem alcançar uma vida melhor e um progresso espiritual. Pelo contrário, a prática de acções negativas leva à infelicidade e ao renascer em formas consideradas inferiores, como em forma de planta ou de animal.
Indígenas Europeus
Os Indígenas Europeus valorizam muito o acto de “celebrar”, sendo as suas festas manifestações alegres de amor à vida e à natureza. Estes têm como referência nas suas tradições a espiritualidade, que é a dimensão da vida criada por um ser superior, tendo assim, nos elementos da natureza - árvores, pássaros, animais, rios, lagos, matas - a grandeza da vida. É uma religião transmitida e actualizada de geração em geração, adquirindo, desta forma, o dom da partilha na comemoração.
Religiões Tradicionais Africanas
As Religiões Tradicionais Africanas, também referidas como Religiões Indígenas Africanas, abrangem uma multiplicidade de religiões e englobam manifestações culturais, religiosas e espirituais que reflectem concepções locais de Deus e do cosmos, no continente africano. Estes tradicionalistas africanos, quase sempre, reconhecem a existência de um Deus Supremo ou Demiurgo, criador do Universo (Olodumare, Olorun, Ifá, etc).
Para terminar, há que reflectir sobre três religiões que são estritamente entrelaçadas, em alguns momentos paralelas, mas fundamentalmente opostas em teoria e prática.
Hinduísmo
Por um lado, o Hinduísmo, que é originário no subcontinente indiano, sendo mais frequentemente chamado Sanātana Dharma, ("a eterna/ (perpétua) dharma (lei)") pelos seus praticantes. Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas e representado por divindades individuais (cultuam cerca de 33 milhões de divindades diferentes). Esta tradição religiosa é centrada sobre uma variedade de práticas que são vistas como meios para ajudar o indivíduo a experimentar a divindade omnipresente e a realizar a verdadeira natureza do seu Ser.
Budismo
Por outro lado, o Budismo é uma religião que engloba um conjunto de crenças, tradições e práticas, baseadas nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda (Páli/Sânscrito "O Iluminado").
Jainismo
E por último, o Jainismo, que compartilha com o budismo a ausência da necessidade de Deus como criador ou figura central. Este foi visto durante algum tempo pelos investigadores ocidentais como uma seita do hinduísmo ou uma heresia do budismo, devido à partilha de elementos comuns com estas religiões; contudo, é um fenómeno original e, ao contrário do budismo, nunca teve um espírito missionário. Para uma pessoa se purificar, esta religião propõe um extremo ascetismo e o colocar em prática da doutrina da não-violência ou ahimsa.
A religião está repartida por toda a Europa, fazendo com que diversos países tenham múltiplas religiões. Deste modo, o Cristianismo Protestante está principalmente presente no Reino Unido, na Alemanha, na Noruega e na Finlândia; a Igreja Ortodoxa predomina na Roménia, na Bulgária, na Grécia e no Chipre; e o Catolicismo impera em Portugal, em Espanha, na Irlanda, na Bélgica, na Polónia, na República Checa, na Áustria, na França, na Itália, na Hungria, em Luxemburgo e na Croácia.
Tal como o Cristianismo, o Judaísmo prevalece principalmente em França, na Alemanha, no Reino Unido, na Rússia e na Itália e o Islamismo está mais fortalecido na Alemanha, no Reino Unido, na Suécia e na França.
Depois de destacadas estas religiões, ainda podemos identificar: o Rastafári no Reino Unido, na França, em Espanha, em Portugal e na Itália; o Sikhismo no Reino Unido, na Itália, na Bélgica, na França, na Holanda e na Alemanha; os Indígenas Europeus na França, na Alemanha, na Irlanda, no Reino Unido, na Noruega e na Suécia; as Religiões Tradicionais Africanas no Reino Unido e na França; o Hinduísmo no Reino Unido e, por último, o Jainismo no Reino Unido, ainda que com uma menor adesão.
Apesar da vasta diversidade de religiões que a Europa apresenta, esta tem se aproximado cada vez mais de uma cultura baseada no ateísmo, como também no secularismo, ou seja, numa política de separação entre a religião e o Estado.
Em nosso entender, não podemos deixar de omitir a opinião célebre de George Bernard Shaw que nos possibilitou, facilitou e ajudou a engrandecer o desenvolvimento do nosso trabalho: “Há uma única religião, embora haja centenas de versões da mesma.”.